Oi Galera,
Inicialmente
gostaria de agradecer ao autor Ben Green por responder as perguntas dessa entrevista.
Yume: Você ambienta o livro em um
período que o domínio pelo fogo era essencial para a sobrevivência ou poder de
um clã. Você pesquisou ou se baseou em algo específico para compor a história?
Ben: A criação desse enredo foi fruto de muita pesquisa. Quando ainda bem guri, gostava muito de mitologia, principalmente a grega e comecei a reparar nas histórias que deuses ou similares entregavam o fogo aos humanos. Consultei um professor da época e além de recomendar várias leituras sobre o assunto, me emprestou o filme “A Guerra do Fogo” de Jean-Jacques Annaud. O filme é sem dúvidas, muito marcante e ficou escondido em minha mente por muitos anos. Quando comecei o processo de criação de “Adormecer do Fogo”, retomei as pesquisas e enveredei por outras. Fui de estudos tribais africanos aos da América, passando por europeus e asiáticos. A ideia sempre foi construir uma obra coerente e ao mesmo tempo original na literatura fantástica.
Ben: A criação desse enredo foi fruto de muita pesquisa. Quando ainda bem guri, gostava muito de mitologia, principalmente a grega e comecei a reparar nas histórias que deuses ou similares entregavam o fogo aos humanos. Consultei um professor da época e além de recomendar várias leituras sobre o assunto, me emprestou o filme “A Guerra do Fogo” de Jean-Jacques Annaud. O filme é sem dúvidas, muito marcante e ficou escondido em minha mente por muitos anos. Quando comecei o processo de criação de “Adormecer do Fogo”, retomei as pesquisas e enveredei por outras. Fui de estudos tribais africanos aos da América, passando por europeus e asiáticos. A ideia sempre foi construir uma obra coerente e ao mesmo tempo original na literatura fantástica.
Yume: Ben, como foi o processo de
criação (metodologia/rotina de escrita adotada) e quanto tempo levou para
escrever o livro?
Ben: Vou
começar a resposta pelo final. Foram 10 anos de processo criativo com Adormecer
do Fogo e 12 do universo. Primeiro escrevi uma obra, prejudicada pela minha
falta de experiência. Ali já apareciam as Aixians e a Nel (Cabelos de Fogo). A
história era simples, clichê e medieval. 2 anos depois acabei tomado por um mar
de questionamentos. Por que esse povo é assim? Por que o reino é desse jeito?
Fui voltando tanto no tempo até que cheguei ao mais antigo possível. Isso
funcionou como um clique e tudo que eu havia lido sobre o período neolítico
voltou com força. A primeira parte ficou pronta lá por 2004 ou 2005. Mas a
primeira revisão foi que pegou tudo. Como a história é contada pela Ri-zir, eu
queria que ficasse evidente o ponto de vista de uma mulher – e se parecesse
pouco com um homem tentando escrever como mulher. Essa foi uma pesquisa muito
diferente. Li diversos livros escritos por mulheres, diários de amigas (com
consentimento, claro! rsrs) e tudo que me ajudasse a aprimorar a visão
feminina. Espero ter conseguido! A segunda parte só foi escrita em 2010, quando
aproveitei que estava congelando para retomar a obra.
Yume: O seu livro é dividido em
duas partes e, na minha opinião, isso é bem marcado pela atitude dos dois
protagonistas, se por um lado apresenta Sa-Tûr, forte, convicto de suas
opiniões, na segunda parte tem Me-deu, que desejei muito, mas muito mesmo, que
fosse comido por uma Aixian. Isso foi intencional? Como foi a recepção desses
dois personagens pelos seus leitores?
Ben: Sim,
foi! Adormecer do Fogo é uma história de disputas culturais, de pensamentos tão
enraizados nas entranhas das pessoas que mal se perguntam o porquê de fazer uma
coisa e não outra ou pensar de tal forma e não ao contrário. Sa-Tûr é a negação
de toda a crença da tribo enquanto Me-deu quer apenas ser aceito. A esmagadora
maioria das sociedades não-ocidentais possuem algum tipo de rito de passagem em
que jovens vivem marginais entre a infância e a vida adulta e por seus méritos
conseguem adequar-se aos costumes tribais (alguns sociólogos defendem essa
postura também em nossa sociedade). Apesar de Me-deu acreditar que sua prova de
pertencer à tribo foi no Teste de Maioridade com a rainha, ele foi, na verdade
quando teve de optar entre uma vida marginal ou em sociedade.
Eu realmente achei incrível o quanto
Sa-Tûr conquistou fãs e admiradores. Não esperava. Desde o início ele foi
criado para ser o diferente. Até mesmo a escolha dos nomes se deu em cima
disso. O dele não segue o mesmo padrão dos irmãos. Acho que a postura diante de
sua decisão final mexeu com a imaginação das pessoas e nos fez lembrar que
sempre temos de fazer escolhas que quase nunca podem ser tomadas sem grandes
sacrifícios. E pode ter certeza que você não está sozinha! Rsrs. Se Me-deu
criasse corpo no mundo real, acho que seria linchado em praça pública!
Yume: Qual foi a parte do livro
que te deu mais trabalho para escrever?
Ben: Em um
primeiro momento eu diria que seria a parte 1, por conta da narração feminina
que citei anteriormente. Mas pensando melhor, acredito que tinha sido a
segunda. Eu tinha uma metade de personagens fortes, situações intensas e um
desfecho de deixar pensativo. Só de pensar que eu teria de escrever algo à
altura por continuação me deixava tremendo de medo. Só consegui mesmo retomar a
história quando ficou bem claro na minha cabeça que seriam narrações diferentes
por serem personagens e situações distintas.
Yume: E qual foi a que fluiu mais
rápido?
Ben: Nessa
parte posso ser mais específico. A caminhada até a vila do Beneçós, bem como o
local e tudo que se seguiu até o fim foi muito mais tranquilo. Basicamente eu
visitava cavernas assassinas de manhã e escrevia à noite. Passava parte da
madrugada caminhando por ameias de castelos e logo depois me colocava a
escrever. Foi, sem dúvida, um laboratório fascinante!
Yume: Ao final do livro, fiquei
com uma sensação de que haveria mais história para se contar. Como continua a
história de Sa-Tûr? Como ficaram os Gha-laad que permaneceram na caverna? Os
participantes da jornada conseguem retornar para os seus? Haverá mais um livro
respondendo essas e outras inquietações que surgiram nos leitores?
Ben: Bem,
uma coisa que pouca gente sabe, é que na verdade eu escrevi um livrão (cerca de
mil páginas) contando uma série de coisas que acontece com as tribos daquele
continente. Um livro desse tamanho é quase que impublicável para um autor que
não é famoso. Acabei escolhendo o início, completei com a parte 2 e o deixei
pronto para publicação. História tem (e muita) para contar e muita coisa já
está pronta. O que posso adiantar é que os descendentes de Sa-Tûr, Me-nec e Me-deu
nascerão e terão papéis cruciais no desfecho total. Talvez eu conclua a obra ao
fim de outro projeto que está em evidência agora. Vai depender, em parte, da
insistência dos leitores... rsrs.
Yume: Existe alguma novidade,
como um novo livro a caminho?
Ben: Ah sim!
Adorei que você tenha tocado nesse ponto. Está previsto para o primeiro
semestre de 2014 o lançamento de O Rei dos Malnascidos. A história se passa no
mesmo mundo de Adormecer do Fogo, mas em outro continente. Dessa vez, não é o
frio que assola as personagens, mas o calor de um ambiente desértico. Ao
contrário desse, lá, os leitores encontrarão uma sociedade já estruturada e
dividida em castas (magos, guerreiros, eunucos, prostitutos(as) e os comuns).
Nessa nova trama, um desertor da Academia Doszil (onde a casta de mago aprende
magia) decide lutar contra o sistema de castas e o preconceito contra os
malnascidos – crianças que não são filhos de magos, mas apresentam aptidão para
uso de magia. Será dividida em 3 volumes por conta do seu tamanho (estimadas 900
páginas) e posso garantir que o leitor irá se deparar com uma fantasia tão
original e singular quanto em Adormecer do Fogo.
Yume: Que mensagem você deixaria para os seus leitores
ou aqueles que vão ler o livro Adormecer do Fogo?
Ben: Queria
agradecer e muito todo o carinho e recepção positiva que minha cria está
recebendo. Um autor nunca sabe o que vão achar de sua obra e quando se trabalha
com coisas tão incomuns, mesmo dentro do estilo fantástico, essa incerteza vem
acompanhada de nervosismo e ansiedade. Estou muito feliz com a recepção e
espero brindá-los com muitas histórias se passando nesse mundo. Para os
próximos, deixo meus votos de boas vindas e aviso que se preparem. Sei que por
mais que tenha visto do que a obra se trata, é quase certo que irão se
surpreender (é o que tenho ouvido). Aproveitem para guardar cada parte e as
relações entre elas. Não digo que há easter eggs na história, mas certamente há
muita coisa para se ler e refletir.
Obrigada
Ben!
Espero que tenham gostado como eu adorei a entrevista e se ficaram curiosos, confiram a resenha que fiz para Adormecer do Fogo (aqui).
E confiram outros canais do autor:
Adormecer do Fogo (http://www.adormecerdofogo. com.br)
Fanpage de Adormecer do Fogo: (https://www.facebook.com/AdormecerDoFogo?fref=ts)
Beijos!
Interessante a entrevista. O autor parece ser bem simpático e adorei saber mais de sua ´´cria`` como ele mesmo diz. Vou aguardar com ansiedade o seu novo livro. Espero que seja tão bom como esse. Amei.
ResponderExcluirOi Beth,
Excluirsim, é super simpático o Ben!!!
E também estou ansiosa pelo novo livro!
Abraços!
Adorei a entrevista, deu para entender bem como o autor criou seus livros... E fiquei super curiosa, quando ele diz que leu alguns diários, fico só imaginando o que ele deve ter lido (rsrs)...
ResponderExcluirBeijinhoss
T.P
http://www.4youbooksmania.blogspot.com.br
Não é Thami?
ExcluirImagina só, se fosse o meu, hauahuahauahua, sei não viu!!!
Beijos!
Parabéns pela entrevista! Já li o livro do Ben e tive a satisfação de conhecê-lo na Bienal do Livro aqui de SP em 2012. Ótima história. Bem diferente do que eu estava acostumada a ler.
ResponderExcluirParabéns.
Bjos
Lilo Redenção
Oi Lilo,
ExcluirQue ótimo, eu ainda só o conheço virtualmente, infelizmente.
Beijos!